Parece ser este o desígnio de Beja – fazer de conta.
Fazemos de conta que temos uma Autoestrada, porque apesar de existir, não nos unimos para forçar a sua abertura para uso da população e da economia local, até serem construídos os pórticos das portagens. Fazemos de conta que quem é transportado de urgência para Lisboa em ambulância, fica imensamente feliz por continuar a perder minutos fundamentais, ao viajar numa estrada paralela a uma Autoestrada finalizada.
Fazemos de conta que a Ferrovia já não é um problema desde a reunião que trouxe a Administração da CP à Câmara de Beja. Fazemos de conta que o incidente da noite de 3 de Agosto, que deixou dezenas de passageiros entregues à sua sorte e que motivou a referida reunião, não caíram no esquecimento, visto que no final desta reunião foram assumidos e reforçados compromissos, reforçando a ideia de que está tudo bem, exceto para todos aqueles que caíram no esquecimento.
Fazemos de conta que o concurso para o Diário do Alentejo, foi um concurso transparente e que não se tratou de um “saneamento” com um vencedor premeditado. Fazemos de conta que os rumores que surgiram em torno do possível nome do vencedor à data da publicação do concurso foram apenas e só uma infeliz coincidência. Fazemos de conta que o Diário do Alentejo, o único jornal propriedade dos Municípios não causava desconforto junto de alguns dos municípios, tal como é possível confirmar nas actas da CIMBAL. Fazemos de conta que durante os últimos 9 anos o DA não foi distinguido com vários prémios, tal como o seu diretor cessante.
Fazemos de conta que a “apatia” que o Presidente da CIMBAL apontou ao DA não é o consequência da progressiva redução de meios humanos e materiais impostos pela própria política da CIMBAL. Fazemos de conta que todos nós achamos natural a desconsideração entre empregado/colaborador e o seu patrão/empregador, porque todos nós gostamos de saber sobre o nosso futuro através de terceiros. Fazemos de conta que um concorrente único de um concurso com um programa altamente personalizado, é apenas e só uma mera coincidência, quase ao ponto daqueles truques de magia em que alguém do escolhe uma carta e o ilusionista, após cortar, baralhar, distribuir, baralhar, acaba por retirar essa mesma carta do baralho para a fazer aparecer num local qualquer, provocando a maior das surpresas a todo o seu público.
Num quase nível de embriaguez, fazemos de conta que está tudo bem.
Vamos continuar a fazer de conta?
Post Scriptum: Alguns amigos perguntam-me porque continuo a dedicar algum do meu tempo a Beja. Eu tento sempre explicar, que a terra onde nasci e vivi a minha infância/adolescência, onde me formei como indivíduo e homem, onde construí as minhas fundações como cidadão, terá para o resto da minha vida uma atenção e carinho especial. É por isto que irei continuar a escrever sobre assuntos que, ou não tem lugar nos média ou são abordados com alguns condicionalismos e sem total liberdade de expressão.
Imagem: Pintura de José Malhoa – Os Bêbados
Autor(a): Luís Palminha
Humanista, Criativo, apaixonado pela 7ª Arte, Fotografia e Arquitectura, é também entusiasta das IT’s. Durante a Licenciatura em Arquitectura de Gestão Urbanística, encontrou nas Cidades e no Território, um novo ímpeto guiado pelo constante desafio de mudanças de paradigmas.
(De momento encontra-se a concluir a Tese de Mestrado em Urbanismo)
Fazemos de conta que um Presidente de Junta não levantou a mão a uma eleita Municipal, depois de insultar a Presidente da Assembleia Municipal, um dia após o Dia Internacional Contra a Violência às Mulheres, tendo ainda agredido o Administrador Executivo da EMAS…
Haverá muitos mais…
Ninguém faz de conta ou assobia para o lado. Não há é dinheiro, quando o único objetivo do governo é défice 0.