15 de Outubro de 2017

Há que ser muito forte por estes dias.

Não me recordo de um Outubro como este. Outubro onde já estive na praia até depois das 18h30. Outubro onde durante o último fim de semana, na viagem para Beja o ar era quente, quente como nos dias mais quentes de Verão.

Tal como o João Camargo afirma, não há coincidências.

O Primeiro Ministro, António Costa, afirma que não há soluções mágicas. E não há mesmo. Com as alterações climáticas atuais e mesmo com uma mudança na floresta, os resultados só serão possíveis a médio prazo.

A curto prazo vamos continuar a depender do esforço e dedicação dos nossos Bombeiros e das nossas Forças de Segurança.

É óbvio que muitos incêndios terão mão criminosa. Outros tantos poderão ter tido início em queimadas (queimadas, que em situação normal ocorreriam em Outubro, mas que muito boa gente terá sido negligente e terá ignorado os tramites legais para a obtenção da licença para o fazer), outros tantos focos de incêndios terão certamente sido provocados pela propagação natural (irradiação, convecção, condução e projecção de partículas inflamadas).

O “pior dia do ano”, onde se registaram mais de 500 incêndios e os primeiros balanços apontam mais mais de 30 vítimas, lembra-nos o quão insignificantes somos perante a força destruidora do fogo.

Infelizmente, vamos assistir a um grande aproveitamento político sobre algo que não muda de um instante para o outro. De algo que ultrapassa mandatos eleitorais e responsabiliza todos os Partidos sem excepção.

E enquanto perdemos o nosso tempo nas trivialidades pois temos na nossa essência esse gosto pela autoflagelação, vamos continuar a ignorar o debate que realmente importa ter.

Como nos preparar para anos semelhantes? O impacto das alterações climáticas em Portugal? Como adaptar as nossas estruturas para garantir uma maior eficácia?

Portugal merece mais respeito! Ajudemos hoje quem mais precisa, respeitemos as vítimas e amanhã será hora de arregaçar as mangas, pois há imenso trabalho a fazer, trabalho que não pode ser ignorado.

É preciso dizer basta!

Aproveito para enviar toda a minha solidariedade para todas as famílias atingidas e um agradecimento especial a todos os Bombeiros e Forças de Segurança que dão o melhor de si nestas circunstancias tão específicas.

 


Post Scriptum: Que as consequências políticas não sejam esquecidas, porque há responsabilidades que não podem ser escamoteadas. Tenham os titulares dos cargos (Ministra e Protecção Civil) a humildade para no momento certo apresentarem as suas demissões juntamente com um pedido de desculpa pela sua infantilidade e/ou falta de profissionalismo. E mais por agora opto por não dizer.

Autor(a): Luís Palminha

Humanista, Criativo, apaixonado pela 7ª Arte, Fotografia e Arquitectura, é também entusiasta das IT’s. Durante a Licenciatura em Arquitectura de Gestão Urbanística, encontrou nas Cidades e no Território, um novo ímpeto guiado pelo constante desafio de mudanças de paradigmas.
(De momento encontra-se a concluir a Tese de Mestrado em Urbanismo)

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