É já no próximo dia 10 de Maio – 5ª feira da Ascensão, a “Excursão” a Lisboa, organizada pelo Movimento Beja Merece +.
Uma “Excursão” de protesto contra a indiferença a que o Alentejo Litoral e fundamentalmente o Baixo Alentejo, têm sido votados pelos sucessivos Governos, pois a verdade é que independentemente da cor ou conjunto de cores, que vão ocupando o Palácio de São Bento, o nosso destino tem sido praticamente o mesmo.
E apesar de antigas, as causas permanecem atuais:
- A degradação da Saúde no Baixo Alentejo e Alentejo Litoral, entre a falta de camas, de médicos e especialistas ou a decadência de alguns dos serviços.
- A A26, a autoestrada que continuará (Ad aeternum?) “amputada” mas que deveria assumir-se um forte motor de desenvolvimento ligando o vigoroso Porto Sines a Espanha (Andaluzia).
- O Aeroporto mais barato do País, que resultou do aproveitamento civil de uma infraestrutura militar com condições únicas já existente, mas que insiste em demorar a “descolar”.
- A Ferrovia, que com o passar dos anos, afastou Beja da Capital do País e a relegou à condição de estação terminal, que obriga milhares de passageiros, grande parte deles idosos, a suportar o pior dos nossos Invernos e o pior dos nossos Verões, na estação de Casa Branca que quase não possui abrigos, já para não falar nas condições medíocres em que se realizam as viagens entre Beja e Casa Branca, por entre atrasos frequentes e avarias.
Tudo isto, numa altura em que a própria CP promove campanhas destinadas às viagens entre o Lisboa e o Porto a 5 euros, seja de Alfa Pendular ou de Intercidades.
Revoltante para qualquer utente do serviço da CP que liga Lisboa a Beja e se vê obrigado a pagar 14 euros por uma viagem que incluí o conforto do Intercidades entre Lisboa e Casa Branca e uma autêntica aventura num comboio medíocre, só equiparado a um serviço regional entre Casa Branca e Beja, viagem que a própria CP divulga (ver site!) e cobra como Intercidades (ver bilhete!).
Causas tão básicas quanto estas, não nos deveriam aproximar ao ponto de motivar a que as próprias Autarquias se coordenassem de forma a apoiar esta manifestação? Para fazer desta manifestação uma manifestação histórica?
Alvito, Beja e Vidigueira gozam nesse mesmo dia o seu Feriado Municipal. Seria de esperar uma grande mobilização destes Concelhos e mais concretamente das suas Autarquias. No entanto, e até ao momento, nada indica que estas Autarquias se mobilizem para ser parte desta manifestação.
Por outro lado, e apesar de não gozar o seu Feriado Municipal no dia 10 de Maio, a Autarquia de Cuba, diretamente ligada à Ferrovia também parece seguir o exemplo das suas vizinhas, não demonstrando qualquer intenção, disponibilização de meios e recursos para se envolver ou apoiar esta manifestação.
Mas estas autarquias são apenas exemplos. São 18 os Concelhos que se poderiam mobilizar: Alcácer do Sal, Grândola, Odemira, Santiago do Cacém, Sines, Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Barrancos, Beja, Castro Verde, Cuba, Ferreira do Alentejo, Mértola, Moura, Ourique, Serpa, Vidigueira.
Beja deveria aqui, assumir um papel de Capital de Distrito e fazer aquilo que há muito não faz!
Como é possível que até ao momento, o Movimento que se encontra a organizar esta manifestação, por um Futuro de Dignidade para o Alentejo Litoral e do Baixo Alentejo, não tenha sido contactado por nenhuma Autarquia a propor da sua máxima cooperação?
Não se trata apenas de disponibilizar os Autocarros. Confesso que seria muito bom, em termos de visibilidade conseguir reunir 18 autocarros dos diferentes Concelhos que compõem o Alentejo Litoral e o Baixo Alentejo. No entanto, são necessárias centenas ou milhares de Alentejanos em Lisboa, para chamar à atenção quem nos governa!
São necessários todos os Alentejanos possíveis e mesmo estes serão poucos para provar que no Alentejo ainda há mais Alentejanos do que oliveirinhas plantadas!
Se nem para abraçar a defesa de causas tão básicas as Autarquias do Alentejo Litoral e do Baixo Alentejo (ou dito de outra forma, os seus Presidentes, uma vez que na sua maioria são eleitos do Partido Socialista) se juntam, que esperança podemos ter de futuro para a nossa Região?
Será que os Presidentes de Câmara do Alentejo Litoral e do Baixo Alentejo são favoráveis às contínuas políticas de investimento (ou esquecimento) nas suas regiões? Será que apoiam o Governo na forma em como nos ignoram e continuam a ignorar?
O Alentejo Litoral e o Baixo Alentejo precisam de soluções para amanhã e não para o próximo horizonte de fundos comunitários (2030)!
Doa a quem doer, a manifestação de dia 10 de Maio, deveria marcar um momento de viragem, onde os politiqueiros locais desciam dos seus pedestais para abraçar a realidade e as verdadeiras causas que motivam a revolta dos seus eleitores. Lisboa precisa ouvir as vozes em uníssono que até hoje ainda não ouviu!
Esta é uma manifestação verdadeiramente genuína de um povo que tarda em se levantar!
O objetivo deste desabafo, que já vai longo, é alertar e despertar consciências.
Indignem-se porra!
Usem do vosso direito à indignação. Comentem e interpelem os vossos Presidentes de Câmara e Vereadores, eleitos da Assembleia Municipal, Deputados, seja na rua, no café ou onde quer que a oportunidade surja!
Pressionem!
Os nossos autarcas precisam entender que a missão de um Presidente de Câmara, está ou deve estar, na proximidade dos seus eleitos e não do Governo. Apesar das negociações serem realizadas a vários níveis, um Presidente de Câmara terá sempre a sua dívida para com os seus eleitores (tenham ou não votado em si) e é para estes e em função do futuro destes que deve exercer a sua governação!
Basta de vassalos!
Beja, Merece Mais, mas o “nosso” Alentejo Muito Mais!
Dia 10 estarei em Lisboa, com todos aqueles que decidirem unir a voz em torno de um sonho comum!
Imagem no destaque: Pintura ‘A Friend in Need’ de Cassius Marcellus Coolidge
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Autor(a): Luís Palminha
Humanista, Criativo, apaixonado pela 7ª Arte, Fotografia e Arquitectura, é também entusiasta das IT’s. Durante a Licenciatura em Arquitectura de Gestão Urbanística, encontrou nas Cidades e no Território, um novo ímpeto guiado pelo constante desafio de mudanças de paradigmas.
(De momento encontra-se a concluir a Tese de Mestrado em Urbanismo)
Importante questão a que coloca, Luís. Imensos reagiram, apoiando, o confronto público de Bruno Ferreira à tutela no P&c, que estranho é que as forças políticas locais, através dos seus representantes diretamente eleitos – os autarcas – não tomem posição e não tdemonstrem um apoio ativo, público e inequívoco a uma causa de cidadania, à luta de uma região.
Levei para a Praça.
A representação do PS local foi tão estonteante, que se tornou invisível, em sequer uma miragem ao longe!…e depois “vendem-nos” recorrentemente a ideia de que estão muito preocupados com o desenvolvimento do território alentejano!…Chiça para isto!