Permitam-me que antes de dar início a este ensaio, congratule todos os vencedores destas últimas eleições autárquicas. Neste caso, os cidadãos que fazem parte das listas vencedoras e todos os cidadãos que saíram de casa para dar uma nova oportunidade a Beja.
Uma das afirmações do derrotado, mas ainda Presidente da Câmara de Beja, João Rocha, após ter tomado conhecimento do resultado, foi:
“Beja tem destas coisas.” João Rocha dixit
Não Sr. Presidente. Beja não tem destas coisas.
Esta é a prova de que João Rocha não conhece nem nunca conheceu Beja ou os Bejenses, porque estes têm expectativas.
Quando Beja e os Bejenses sentem que essas expectativas são defraudadas, ou que alguém oferece mais garantias de realizar tais expectativas, Beja usa o voto e escolhe. Este é o meu entendido.
E quais são as expectativas de Beja e dos Bejenses?
Financeiras
Beja precisa de garantias reais. Este novo executivo deve no primeiro momento solicitar uma auditoria externa às finanças do Município. Este foi provavelmente o 1º erro cometido no mandato de 2009-2013 e que permitiu um esgrimir de números até ao final do mandato.
Só uma auditoria externa ao Município permitirá que ninguém faça das contas ou dívidas uma novela interminável na comunicação social local ou através de boatos. Com uma auditoria financeira, este novo executivo ganhará a confiança dos Bejenses pela transparência.
Estratégia
Um verdadeiro Plano Estratégico como até hoje nunca foi concebido. Um plano que tenha uma visão para além de 2025. Que seja trabalhado por profissionais da área, que envolva especialistas entre os Bejenses e que a sua elaboração seja aberta a toda a população.
O executivo que conseguir criar um ambicioso Plano Estratégico que vislumbre além dos ciclos eleitorais e o elabore com apoio dos cidadãos, criará o instrumento mais importante da nossa história recente.
Beja não pode continuar a quebrar ciclos de 4 em 4 anos. O que tem acontecido nos últimos anos é não mais do que um conjunto de oportunidades perdidas. Cada ciclo chega com um conjunto de ideias que após 4 anos são deitadas ao lixo e que dão início a novas.
Beja precisa de estabilidade e de optar por um rumo. Um rumo que seja mantido, independentemente dos ciclos eleitorais.
Turismo
Beja precisa de um Plano para o Turismo.
Sem rodeios é preciso admitir que até hoje Beja tem vindo a desenvolver medidas ou ações avulsas que justifica serem de interesse Turístico.
Urge inverter esta forma de agir. É fundamental estabelecer prioridades, criando um Plano para integrar todos os futuros projetos que tenham como objetivo a dinamização e crescimento do Turismo no nosso Concelho.
Para além deste plano, o Município pode criar em estrita colaboração com o Instituto Politécnico de Beja, um gabinete permanente de estudo que acompanhe de perto e monitorize os dados turísticos do Concelho.
Beja precisa de caminhar com certezas e abandonar velhos vícios.

33 mil turistas no Posto de Turismo, equivale a receber cerca de 11 turistas por hora e mais de 90 por dia. Conhecendo a Cidade, este número não pode ser outra coisa que não uma grande falácia!
Educação e Investigação
A Autarquia pode e deve ser um parceiro do Instituto Politécnico de Beja. Não só para os projetos que se mantêm em curso (CEBAL), mas também para apostar no IPB sempre que possível.
Como Instituição do Ensino Superior, o IPB é autónomo, mas a Autarquia pode e deve olhar para este parceiro como um motor para fixação de desenvolvimento do território.
Em diálogo como IPB podem ser retiradas conclusões que apontem novos caminhos para novas formações.
O que não pode acontecer é afirmar que apoia o Instituto Politécnico de Beja e depois estabelecer contratos com outras Instituições do Ensino Superior que poderiam ter sido levadas a cabo pelo próprio IPB, tal como o exemplo seguinte demonstra.

(… a segunda parte deste ensaio será publicada em breve)
Autor(a): Luís Palminha
Humanista, Criativo, apaixonado pela 7ª Arte, Fotografia e Arquitectura, é também entusiasta das IT’s. Durante a Licenciatura em Arquitectura de Gestão Urbanística, encontrou nas Cidades e no Território, um novo ímpeto guiado pelo constante desafio de mudanças de paradigmas.
(De momento encontra-se a concluir a Tese de Mestrado em Urbanismo)
Um pensamento sobre “Beja e as expectativas dos Bejenses – 1ª parte”