Aeroporto de Beja ou do Alentejo?

Se o mundo não é a Preto e Branco, poderemos nós assumir a defesa do futuro do Aeroporto de Beja, baseada numa lógica redutora, onde afirmamos o futuro Aeroporto do Montijo como principal inimigo? Ou estabelecer como principal argumento que a má opção política ou estratégica e os custos que esta infraestrutura no Montijo representa poderão colocar em causa o desenvolvimento do Aeroporto de Beja ou do Cluster Aeronáutico do Alentejo?

Eu acredito que não.

Após ponderada reflexão e contacto com 2 antigos professores que tive, um deles uma referência do Urbanismo e Planeamento e outro uma referência em Estratégia Territorial, cheguei à conclusão que a solução para o desenvolvimento do Aeroporto de Beja, passa por ignorar quase por completo, a questão da localização do Aeroporto no Montijo (Portela + 1).

Acredito por isso que o Aeroporto do Montijo, não deve consumir qualquer tempo ou esforços.

Na ótica do desenvolvimento Territorial e do Planeamento Estratégico, o nosso argumento deve firmar-se essencialmente por 3 pontos fundamentais.

1. O novo Aeroporto, onde quer que venha a ser construído, só irá entrar em funcionamento, se tudo correr bem, dentro 3 a 4 anos.

2. Neste período de tempo o Aeroporto Humberto Delgado em Lisboa, continuará a enfrentar problemas de saturação e sem qualquer Plano B.

3. Beja pode e deve integrar um Plano B, tornando-se uma solução à saturação do Aeroporto de Lisboa, integrando a rede de Aeroportos complementares.

Para que tal aconteça, apenas necessitamos de cerca de 30 milhões de euros e 1 ano para executar a eletrificação e modernização da ferrovia nos 60 Km que nos separam de Casa Branca, que nos colocará a cerca de 1h de Lisboa.

Isto não implica abandonar a exigência da conclusão da Autoestrada até Beja ou outras. Não.

Trata-se apenas de uma forma colocar as nossas exigências por fases, assumindo um argumento que represente a melhor solução para o Estado e para a Região. Com isto, o Estado poupa na aquisição das locomotivas Bi-Modo, encontra uma solução a curto prazo para a saturação da Portela e ainda dinamiza a economia, potenciando o crescimento do Turismo nos territórios de Baixa Densidade. A isto, chama-se uma solução WIN-WIN, onde todas as partes saem a ganhar.

Desta forma, considero que todos nós, de forma individual, em grupo ou até mesmo através das Instituições ou Organismos, deveríamos unir-nos com o mesmo objetivo e fazer desse objetivo a nossa bandeira comum. Defender esta narrativa é defender toda a região Alentejo. É defender o Alto, o Central, o Baixo e o Litoral. Este deveria ser o nosso principal foco. A defesa do Aeroporto de Beja como solução Aeroportuária complementar ao Aeroporto de Lisboa a curto prazo.

Este é o Aeroporto de Beja (ou do Alentejo)

O Aeroporto de Beja, resultou do aproveitamento da Pista da Base Aérea 11, que foi construída em 1960 pela República Federal da Alemanha.

Para se ter uma ideia da dimensão do Aeroporto face a toda a Infraestrutura Militar pré-existente desde 1960:

O Aeroporto de Beja representou um investimento de 33 Milhões de Euros, sendo o Aeroporto mais barato de Portugal. 70% de todo o investimento foi financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), sendo os restantes 30% suportados pelo Orçamento de Estado (OE). Quer isto dizer que para o contribuinte Português, o Aeroporto de Beja custou apenas e só 9,9 Milhões de Euros (30% dos 33 Milhões de Euros do OE).

Por mais do que uma vez já o afirmei e tornarei a fazê-lo sempre que possa. Se o Aeroporto de Beja tiver que passar a chamar-se Aeroporto do Alentejo, que o seja. Este Aeroporto é um aeroporto para servir uma Região e não apenas os caprichos de uma Cidade. Se este for o preço a pagar para unir toda a Região Alentejo em prol do mesmo objetivo, que o seja.

Esta é a hora de convergir discursos e acções, para que esta Infraestrutura se torne numa alavanca de desenvolvimento para toda a região Alentejo. É tempo de nos libertarmos das pequenas trivialidades ou rivalidades sub-regionais ou do insaciável gosto pela autoflagelação.

Esta é a hora do Aeroporto do Alentejo!

Autor(a): Luís Palminha

Humanista, Criativo, apaixonado pela 7ª Arte, Fotografia e Arquitectura, é também entusiasta das IT’s. Durante a Licenciatura em Arquitectura de Gestão Urbanística, encontrou nas Cidades e no Território, um novo ímpeto guiado pelo constante desafio de mudanças de paradigmas.
(De momento encontra-se a concluir a Tese de Mestrado em Urbanismo)

2 pensamentos sobre “Aeroporto de Beja ou do Alentejo?

  1. ..não sou especialista nesta matéria de transporte e/ou ordenamento territorial, mas parece-me muito sustentável esta solução de aproveitamento do aeroporto de Beja/Alentejo, como alternativa aos congestionamentos do aeroporto de Lisboa e ao desenvolvimento de todo o Alentejo, portanto tem todo o meu apoio.

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